A produção de automóveis, ônibus e caminhões no Brasil registrou mais uma queda em fevereiro. Segundo dados divulgados pela associação das fabricantes (Anfavea) nesta quinta-feira (5), foram montados 200,1 mil veículos no mês passado.
Foi o menor volume desde fevereiro de 2009, e representa uma queda de de 28,9% na comparação com o mesmo mês de 2014 e de 2,3% em relação a janeiro. Nos 2 primeiros meses do ano, a indústria automotiva nacional montou 22% menos que no mesmo período do ano passado. Foram 404,9 mil unidades contra 518,9 mil.
Nesta semana foi divulgado pela associação internacional das montadoras (Oica) que o Brasil perdeu para o México o título de maior produtor de veículos da América Latina, terminando 2014 em oitavo lugar.
Usados também caem
Os emplacamentos de veículos novos também diminuíram em fevereiro, com baixa de 28,3% sobre o mesmo período de 2014. Na comparação com janeiro, a queda foi de 26,7%. É o pior nível desde novembro de 2008.
Segundo a Anfavea, fevereiro teve um menor número de dias úteis em virtude do carnaval. No mês, o Denatran contabilizou 185,9 mil novos licenciamentos de veículos.
As vendas diárias cairam 15,6% sobre fevereiro de 2014, com média de 10,9 mil neste ano.
Porém, o que mais chamou a atenção da Anfavea foi a queda nas vendas de carros usados. No acumulado de janeiro e fevereiro, o mercado registrou 6,6% negociações a menos do que no mesmo período de 2014.
“Até o ano passado, apesar de recuo nos (veículos) novos, o movimento de usados era positivo. Então, é um indicativo extremamente preocupante”, afirmou Luiz Moan, presidente da Anfavea.
Exportações
As vendas de veículos para o exterior subiram 9,2% em fevereiro, mas, no acumulado do ano, ainda têm volume 7,2% inferior ao do primeiro bimestre de 2014.
A crise argentina, país que é o maior comprador de veículos do Brasil, ainda pesa, diz Moan.
O presidente da Anfavea afirmou que a entidade participa de discussões com o governo federal sobre um plano nacional de exportação, visando aumentar o grau de competitividade do Brasil. Ao falar sobre motivos que levam a um baixo nível de vendas de veículos ao exterior, Moan citou a alta do real frente ao dólar e a falta de linhas de financiamento para exportação com taxas acessíveis.
Pessimismo para o ano
Com o cenário que se desenha no mercado nacional, a Anfavea anunciou que antecipará a revisão das projeções, que normalmente ocorre em julho. Em dezembro passado, a entidade estimou alta de 4,1% na produção e vendas estáveis em 2015.
De acordo com Moan, a mudança deve ser feita no próximo mês e trará uma redução “extremamente significativa” do que foi previsto inicialmente. “O quadro do mercado se alterou completamente”, justificou o executivo.
No começo da semana, a federação de distribuidores (Fenabrave) alterou sua projeção para 2015, de queda de 0,5% para recuo de 10%, a 2,996 milhões de unidades comercializadas, o que marcaria o 3º ano seguido de retração no mercado brasileiro.
Emprego
De janeiro para fevereiro, a indústria automotiva reduziu quase mil postos de trabalho, para 142,3 mil pessoas empregadas. Em 12 meses, o “enxugamento” das plantas já afetou 8,8% da mão de obra do setor, que empregava 156,1 mil em fevereiro de 2014.
“É preciso lembrar que nosso nível de produção retorno ao de 2009, quando tínhamos cerca de 134 mil empregados. Por isso devemos destacar o esforço das montadoras na preservação do emprego, com férias coletivas, lay-offs (suspensão temporária dos contratos), licenças remuneradas, entre outras medidas”, defende Moan. “O empregado da indústria brasileira é muito qualificado, as montadoras não querem abrir mão dele.”
Fonte: G1