Confira a entrevista na íntegra:
ESTACIONAMENTOS QUE NÃO UTILIZAM NOVAS TECNOLOGIAS ESTÃO ULTRAPASSADOS”, DIZ PRESIDENTE DA ABRAPARK
Em entrevista, Sérgio Morad fala sobre os principais desafios do setor e relevância do evento Expo Parking para os profissionais da área.
Criada em 2005 com o intuito de representar nacionalmente o setor de estacionamentos, a Associação Brasileira de Estacionamentos (Abrapark) é uma das principais parceiras da Real Alliance, organizadora da principal feira de negócios voltada a esta indústria na América Latina. Em entrevista exclusiva, o presidente da entidade, Sérgio Morad, comenta o uso novas tecnologias como forma de aprimorar a gestão e a produtividade das instalações, além de analisar as perspectivas bem como os principais desafios destinados ao setor em 2016.
Frente a um cenário econômico que ainda ocasiona incertezas com relação a novos investimentos, na visão da Abrapark, qual a atual conjuntura do setor de estacionamentos no Brasil?
Sérgio Morad – Considerando o atual momento econômico, é de fundamental importância que as empresas mantenham seu foco na busca do resultado através da melhoria de seus processos operacionais e de controle, renegociando seus contratos para garantir a viabilização financeira e a continuidade do negócio. É preciso voltar-se para dentro, trabalhar para a qualificação do negócio e para o controle de despesas para preservar ganhos. Os novos negócios e investimentos, logicamente, devem ser pautados nesta ótica.
Como o setor de estacionamentos contribui direta ou indiretamente para a economia do país?
Sérgio Morad – O setor de estacionamento e de serviços como um todo emprega muita gente. Além disso, sabemos da relação fundamental com o comércio e os demais serviços, uma vez que, tendo onde estacionar com segurança, o consumidor vai até o estabelecimento, seja ele lojas, grandes centros comerciais, restaurantes e outros. As empresas de estacionamento contribuem com o recolhimento de tributos e ainda têm um papel importante na mobilidade urbana. O estacionamento tira o carro de circulação e da via pública e, por isso, contribui na melhoria da fluidez do transito, e viabiliza o comércio e serviços. Em síntese, os estacionamentos geram riqueza para as cidades.
Para a Abrapark, quais as perspectivas bem como os principais desafios destinados ao setor? O que podemos aguardar com relação a novos investimentos em infraestrutura ainda em 2016?
Sérgio Morad – A dificuldade de locomoção por meio dos transportes públicos ajudou as pessoas a valorizarem muito o carro no Brasil. Tornou-se uma questão urbana preferir passar duas horas engarrafado no conforto do seu carro do que passar o mesmo tempo no metrô ou ônibus lotados. Há alguns anos começamos a perceber cidadãos de classes C e D fazendo questão de ir com o próprio carro para o trabalho, o que é uma contradição, uma vez que até bem pouco tempo, usar o automóvel para deslocamento diário era um luxo restrito às pessoas com maior poder aquisitivo. Para a população deixar os seus carros em casa é preciso que o poder público faça a sua parte, ampliando a capacidade das linhas de ônibus e metrô, fazendo mais concessões de garagem nos locais de grande concentração urbana e paralelamente diminuir os estacionamentos na via pública, permitindo o aumento do leito de circulação. A perspectiva de aumento do número de carros circulantes nas vias brasileiras e, principalmente, nas grandes cidades, só aumentará a dificuldade da mobilidade no dia a dia das pessoas, que por outro lado desestimula o uso do carro. É uma grande contradição. Isso só se resolve com mais investimento, tanto público quanto das empresas privadas e, principalmente, com mais planejamento urbano. Acredito que o grande desafio da atividade é gerar oportunidades de negócios e estimular o uso do carro preservando a qualidade de vida nas grandes cidades. O uso intensivo dos veículos particulares está sendo discutido em todo o mundo, como forma de garantir a mobilidade urbana e o acesso das pessoas às atividades comerciais, de lazer e culturais das cidades, conciliando com o bem estar das mesmas.
Como a Abrapark pretende contribuir diretamente para o crescimento do setor nos próximos anos?
Sérgio Morad – Um dos papéis da Associação é fomentar o debate de soluções. A realização do Congresso Brasileiro de Estacionamentos, único evento voltado exclusivamente para o tema no país, contribui para que este papel seja cumprido. Especialistas nacionais e internacionais se reúnem para trocar ideias sobre a atividade no Brasil e no mundo, abrangendo soluções tecnológicas, questões legais e operacionais, arquitetura voltada para o setor e, logicamente, o planejamento urbano. Dessa forma, colocamos o estacionamento dentro da discussão sobre mobilidade urbana. A atuação da Associação contribuiu para incluir os estacionamentos como um item importante na qualidade de equipamento urbano e de circulação, e entregar sugestões que melhorem a visão dos administradores públicos e do próprio mercado.
Único evento para a indústria de estacionamentos na América Latina, o Expo Parking procura fomentar novos negócios e, sobretudo, trazer conhecimento ao público participante, muitas vezes em parceria com entidades representativas como Abrapark, a fim de conduzir melhorias para o desenvolvimento do setor. De que forma a Associação avalia iniciativas como a Expo Parking no Brasil e, ainda, qual a importância da participação do mercado em eventos com este perfil?
Sérgio Morad – A Expo Parking apresenta as novas tecnologias e soluções desenvolvidas para o setor, estimulando o crescimento e a modernização da atividade, e mostrando aos nossos contratantes como as empresas de estacionamento podem contribuir no aperfeiçoamento da gestão dos negócios.
Um dos papéis da Abrapark é fomentar o debate de soluções. Com relação ao uso de sistemas inteligentes nos estacionamentos, como a tecnologia ajuda no desenvolvimento do setor no Brasil?
Sérgio Morad – A tecnologia foi e é responsável por melhorias significativas no setor, como o controle de acesso, segurança, meios de pagamentos digitais, entre outros. Empresas de estacionamento que não usam os recursos tecnológicos estão ultrapassadas. O investimento melhora o conforto do usuário e otimiza a gestão operacional e do negócio. Ter a informação em tempo real e a integração de dados é definitivamente um benefício para a administração. Já existe muita coisa pelo mundo para fazer do estacionamento um ambiente humano e mais agradável. Arquitetos estão incrementando seus projetos, transformando a estrutura de concreto em algo que agrega valor ao negócio e ao cliente. Mas é um processo que está iniciando no Brasil. A Europa incentiva muito a construção de garagens subterrâneas, o que acreditamos ser uma excelente alternativa para as grandes capitais brasileiras. Cidades como Paris, Madrid e Lisboa possuem uma grande malha metroviária e, em estações de maior circulação, estacionamentos para que o cidadão possa deixar o seu carro em um ponto e seguir viagem por meio do transporte público. O mais importante é ter a garagem como parte do plano de mobilidade, essa é a experiência que precisamos trazer com mais força para o nosso país – finaliza.
Serviço
Data: 04 a 06 de outubro
Horário: 12h às 20h
Local: Pavilhão Vermelho – Expo Center Norte
Endereço: Rua José Bernardo Pinto, 300 – Vila Guilherme – São Paulo/SP
Fonte: Expo Parking